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ORIGENS DA INDUSTRIALIZAÇÃO

 

O GOVERNO DUTRA (1946-1951)

Graças à afinidade ideológica de Getúlio Vargas com o nazifascismo, que foi derrotado na Segunda Guerra, as oposições liberais se fortaleceram e, em 1945, o presidente foi deposto. Vargas retornou ao poder em 1951, dessa vez eleito pelo povo. Com sua saída, assumiu a Presidência o general Eurico Gaspar Dutra, em 1946, que instituiu o Plano Salte, destinando investimentos aos setores de saúde, alimentação, transportes, energia e educação. Até 1950, quando terminou seu mandato, o Brasil passou por grande incremento da capacidade produtiva.

Durante a Segunda Guerra, o país exportou diversos produtos agrícolas, industriais e minerais para os países europeus em conflito, obtendo enorme saldo positivo na balança comercial. Esse saldo, porém, foi utilizado no decorrer do governo Dutra, com a importação de máquinas e equipamentos para as indústrias têxteis e mecânicas, o reequipamento do sistema de transportes e o incremento da extração de minerais metálicos, não metálicos e energéticos.

Além disso, houve forte mudança na política econômica do país com a abertura à importação de bens de consumo, o que contrariava os interesses da indústria nacional. Os empresários nacionais defendiam a reserva de mercado, isto é, que o governo adotasse medidas que tornassem as mercadorias importadas mais caras ou mesmo proibissem sua entrada no país.

Boa parte das reservas cambiais acumuladas ao longo da Segunda Guerra foi utilizada na importação de cremes dentais, geladeiras, chocolates, brinquedos, artigos decorativos e muitos outros produtos que agradavam à classe média. Ao utilizar as reservas, essa mudança obrigou o governo a desvalorizar o cruzeiro em relação ao dólar e emitir papel-moeda, o que provocou inflação e consequente queda de poder aquisitivo dos salários.

Leia, no texto a seguir, as três teorias de desenvolvimento – a neoliberal, a desenvolvimentista-nacionalista e a nacionalista radical – que embasavam, na primeira metade do século XX, o debate político sobre as estratégias a ser adotadas para estimular o crescimento econômico. Note que há muitas semelhanças com as ideias discutidas atualmente.


Sene, Eustáquio de. Geografia Geral e do Brasil: Espaço Geográfico e Globalização / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. – 2. ed. reform. – São Paulo: Scipione, 2013.