MOVIMENTOS
DA TERRA E ESTAÇÕES DO ANO
Não se sabe exatamente quando o ser humano descobriu
que a Terra é esférica. Os antigos gregos, observando a sombra da Terra sobre a
Lua durante os eclipses, já tinham certeza da esfericidade de nosso planeta. O
desaparecimento progressivo das embarcações que se distanciavam no horizonte do
mar também fornecia argumentos aos defensores dessa ideia.
Eratóstenes (276 a.C.-194 a.C.), astrônomo e matemático
grego, foi o primeiro a calcular, há mais de 2 mil anos, com uma precisão
impressionante, a circunferência da Terra. A diferença entre a circunferência calculada
por Eratóstenes (40 000 quilômetros) e a determinada hoje, com o auxílio de
métodos muito mais precisos (40 075 quilômetros, no equador), como se vê, é bem
pequena.
A esfericidade de nosso planeta é responsável pela existência
das diferentes zonas climáticas (polares, temperadas e tropicais), porque os
raios solares atingem a Terra com diferentes inclinações e intensidades. Próximo
ao equador, os raios solares incidem perpendicularmente sobre a superfície
terrestre, porém, quanto mais nos afastamos dessa linha, mais inclinada é essa
incidência. Consequentemente, a mesma quantidade de energia se distribui por
uma área cada vez maior, diminuindo, portanto, sua intensidade. Esse fato torna
as temperaturas progressivamente mais baixas à medida que nos aproximamos dos
polos (observe a incidência de raios solares na Terra no infográfico das
páginas 24 e 25).
O eixo da Terra é inclinado em relação ao plano de sua
órbita ao redor do Sol (movimento de translação). Uma consequência desse fato é
a ocorrência das estações do ano, conforme se pode verificar na ilustração sobre
o movimento de translação e as estações do ano, no infográfico das páginas 24 e
25.
Em 21 ou 22 de dezembro (a data e a hora de início das estações varia de ano para ano, conforme mostra a tabela na página ao lado), o hemisfério sul recebe os raios solares perpendicularmente ao trópico de Capricórnio; dizemos, então, que está ocorrendo o solstício de verão. O solstício (do latim solstitium, ‘Sol estacionário’) define o momento do ano em que os raios solares incidem perpendicularmente ao trópico de Capricórnio, dando início ao verão no hemisfério sul. Depois de incidir nessa posição, parecendo estacionar por um momento, o Sol inicia seu movimento em direção ao norte. Esse mesmo instante marca o solstício de inverno no hemisfério norte, onde os raios estão incidindo com inclinação máxima.
Mês de fevereiro, às 20 horas, sem horário de verão. Mês de fevereiro, às 20 horas, com horário de verão.Nessas duas imagens de satélite, pode-se observar a insolação sobre o Brasil no mês de fevereiro, sem e com horário de verão. |
Seis meses mais tarde, em 20 ou 21 de junho, quando metade do movimento de translação já se completou, as posições se invertem: o trópico de Câncer passa a receber os raios solares perpendicularmente (solstício), dando início ao verão no hemisfério norte e ao inverno no sul (observe a figura sobre a variação da insolação ao longo do ano no infográfico das páginas 24 e 25).
Em 20 ou 21 de março e em 22 ou 23 de setembro, os
raios solares incidem sobre a superfície terrestre perpendicularmente ao
equador. Dizemos então que estão ocorrendo os equinócios (do latim aequinoctium,
‘igualdade dos dias e das noites’), ou seja, os hemisférios estão iluminados
por igual. Nesses momentos, iniciam-se, respectivamente, o outono e a primavera
no hemisfério sul, ocorrendo o inverso no hemisfério norte.
O dia e a hora do início dos solstícios e dos
equinócios mudam de ano para ano; consequentemente, a duração de cada estação
também varia. Consulte na tabela as datas e os horários dos solstícios e
equinócios no hemisfério sul para os anos de 2013 a 2020.
Os raios solares só incidem perpendicularmente em
pontos localizados entre os trópicos (a chamada zona tropical), que, por isso,
apresentam temperaturas mais elevadas. Nas zonas temperadas (entre os trópicos e
os círculos polares) e polares, o Sol nunca fica a pino, porque os raios sempre
incidem obliquamente.
Outra consequência da inclinação do eixo terrestre, associada
ao movimento de rotação da Terra, é a desigual duração do dia e da noite ao
longo do ano. Nos dois dias de equinócio, quando os raios solares incidem perpendicularmente
ao equador, o dia e a noite têm 12 horas de duração em todo o planeta, com
exceção dos polos, que têm 24 horas de crepúsculo. No dia de solstício de
verão, ocorrem o dia mais longo e a noite mais curta do ano no respectivo hemisfério;
já no solstício de inverno, acontecem a noite mais longa e o dia mais curto.
Observe a ilustração e o gráfico no infográfico das páginas 24 e 25.
Como é possível observar na ilustração e no gráfico sobre
a variação da insolação ao longo do ano, no equador não há variação no
fotoperíodo, e a diferença aumenta à medida que nos afastamos dele. Conforme aumenta
a latitude, tanto para o norte como para o sul, os dias ficam mais longos no
verão e as noites mais longas no inverno. A tabela a seguir mostra isso para o
hemisfério norte. Nas regiões polares o dia, no verão, e a noite, no inverno,
duram meses.
Fonte: Sene, Eustáquio de Geografia geral e do Brasil:
espaço geográfico e globalização / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. – 2.
ed. reform. – São Paulo: Scipione, 2013.