FUSOS HORÁRIOS
Por causa do movimento de rotação da Terra, em um mesmo momento,
diferentes pontos longitudinais da superfície do planeta têm horários diversos.
Para adotar um sistema internacional de marcação do tempo foram criados os fusos
horários. Dividindo-se os 360 graus da esfera terrestre pelas 24 horas de
duração aproximada do movimento de rotação3, resultam 15 graus.
Portanto, a cada 15 graus que a Terra gira, passa-se uma hora, e cada
uma dessas 24 divisões recebe o nome de fuso horário. Observe a figura.
Para estabelecer os fusos horários, definiu-se o seguinte procedimento:
o fuso de referência se estende de 7º30’ para leste a 7º30’ para oeste do
meridiano de Greenwich, o que totaliza uma faixa de 15 graus. Portanto, a
longitude na qual termina o fuso seguinte a leste é 22º30’ E (e, para o fuso
correspondente a oeste, 22º30’ W). Somando continuamente 15º a essas longitudes,
obteremos os limites teóricos dos demais fusos do planeta.
As horas mudam, uma a uma, à medida que passamos de um fuso a outro. No
entanto, como as linhas que os delimitam atravessam várias unidades político-administrativas,
os países fizeram adaptações estabelecendo, assim, os limites práticos dos fusos,
na tentativa de manter, na medida do possível, um horário unificado num
determinado território.
No caso dos fusos teóricos, bastaria, para se determinar a diferença de
horário entre duas localidades, saber a distância leste-oeste entre elas, em
graus, e dividi-la por 15 (medida de cada fuso). Porém, com a adoção dos
limites práticos, em alguns locais os fusos podem medir mais ou menos que os
tradicionais 15º. Observe o mapa da página ao lado. O mapa-múndi de fusos
mostra que as horas aumentam para leste e diminuem para oeste, a partir de
qualquer referencial adotado. Isso ocorre porque a Terra gira de oeste para
leste. Como o Sol nasce a leste, à medida que nos deslocamos nessa direção, estamos
indo para um local onde o Sol nasce antes; portanto nesse lugar as horas estão
“adiantadas” em relação ao local de onde partimos. Quando nos deslocamos para
oeste, entretanto, estamos nos dirigindo a um local onde o Sol nasce mais
tarde; logo, nesse lugar as horas estão “atrasadas” em relação ao nosso ponto
de partida. Além da mudança das horas, tornou-se necessário definir também um
meridiano para a mudança da data no mundo. Na Conferência de 1884 ficou
estabelecido que o meridiano 180º, conhecido como antimeridiano porque está
exatamente no extremo oposto a Greenwich, seria a Linha Internacional de Mudança
de Data (ou simplesmente Linha de Data).
O fuso horário que tem essa linha como meridiano central tem uma única
hora, como todos os outros, entretanto em dois dias diferentes. A metade
situada a oeste desta linha estará sempre um dia adiante em relação à metade a
leste. Com isso, ao se atravessar a Linha de Data indo de leste para oeste é
necessário aumentar um dia.
Por exemplo, numa hipotética viagem de São Paulo (Brasil) para Tóquio (
Japão) via Los Angeles (Estados Unidos), um avião partiu às 19 horas de um domingo
e entrou no fuso horário da Linha de Data às 10 horas desse mesmo dia;
imediatamente após cruzar essa linha, ainda no mesmo fuso, continuarão sendo 10
horas, mas do dia seguinte, uma segunda-feira (identifique essa rota no mapa
acima). Ao contrário, a viagem de volta será de oeste para leste e quando o
avião cruzar a Linha de Data deve-se diminuir um dia. Esse exemplo pode causar
certa estranheza: estamos acostumados a observar, no planisfério centrado em
Greenwich, o Japão situado a leste, mas como o planeta é esférico, podemos ir a
esse país voando para oeste.
Como observamos no mapa de fusos horários, a partir do meridiano de
Greenwich, as horas vão aumentando para leste e diminuindo para oeste.
Entretanto, diversamente do que muitas vezes se pensa, ao atravessar a Linha de
Data indo para leste deve-se diminuir um dia e, ao contrário, para oeste,
aumentar um dia. E por que isso ocorre? Leia na página 28 o trecho do livro A
volta ao mundo em 80 dias, romance ficcional do escritor francês Júlio Verne
lançado em 1873, e observe novamente o mapa de fusos horários acima. Em 2 de outubro
de 1872, Phileas Fogg, protagonista da história, apostou com seus amigos que
faria uma viagem ao redor do mundo em 80 dias e retornaria ao Reform Club, em
Londres, até às 8h45 da noite de 21 de dezembro.
Como se pode observar no mapa acima, assim como os meridianos que
definem os fusos horários civis, a Linha Internacional de Mudança de Data
também adota limites práticos, caso contrário alguns países- arquipélago do
Pacífico, como Kiribati, teriam dois dias diferentes em seus territórios.
Observe também que na metade do fuso localizada a leste da Linha Internacional de
Mudança de Data é domingo e na metade a oeste, segunda-feira. Perceba que a
referência aqui considerada foi a Linha de Data, assim a metade do fuso situada
a leste dela está a oeste em relação a Greenwich (portanto, no hemisfério
ocidental) e a outra metade, situada a oeste dela, está a leste do meridiano principal
(no hemisfério oriental). Lembre-se: a definição dos pontos cardeais (e
colaterais) depende sempre de um referencial.
Fonte: Sene, Eustáquio de Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico
e globalização / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. – 2. ed. reform. – São
Paulo: Scipione, 2013.