Um sistema global de posicionamento e navegação é composto de três segmentos:
• espacial: constelação de satélites em órbita da Terra;
• controle terrestre: estações de monitoramento e antenas de recepção na superfície;
• usuários: aparelhos receptores móveis ou acoplados em veículos terrestres, aéreos ou aquáticos.
Esse complexo
sistema
serve para localizar
com precisão um objeto ou pessoa, assim como fornecer sua velocidade (caso esteja em movimento) na superfície terrestre
ou num ponto
qualquer próximo a
ela.
Inicialmente foi projetado para uso militar, mas hoje em dia
apresenta diversos usos
civis,
como veremos a
seguir.
Em 2012 havia
dois desses sistemas
em operação plena: um norte-americano, o Navstar/GPS (Navigation
Satellite with Time
and
Ranging/Global
Positioning System), e um russo, o Glonass (Global Navigation
Satellite
System).
Ambos
começaram
a ser desenvolvidos no contexto da Guerra Fria, época da corrida armamentista entre os Estados Unidos e a extinta União Soviética. Sistemas
semelhantes estão
em fase inicial de desenvolvimento, tanto pela União Europeia,
o Galileo Navigation,
como
pela China, o Beidou Navigation
System.
Não há data
precisa
para
se tornarem plenamente operacionais.
O GPS começou a ser desenvolvido em 1973 pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Em 1978
foi lançado um
primeiro satélite experimental, mas
só em 1995,
dois
anos após o
lançamento
do
24º satélite, o sistema atingiu a capacidade operacional plena. No início de 2012 o GPS dispunha de trinta satélites girando
em torno da
Terra
(há no mínimo
24 satélites em
operação
e o restante
de reserva: são
acionados para substituir algum que esteja em manutenção). Esses
satélites
orbitam
o planeta em
seis
planos distintos (são quatro por plano) a 20
.000 quilômetros de altitude (observe o esquema abaixo).
![]() |
GPS.GOV. Official U.S. Government Information About the Global Positioning System (GPS). Space Segments.
Satellite Orbits. Disponível em: <www.gps.gov/systems/gps/space>. Acesso em: 20 out. 2012 |
O Glonass começou a ser desenvolvido em 1976, ainda na época da União Soviética, e o primeiro satélite do
sistema foi lançado
em
1982. Com o
fim da antiga superpotência
em 1991 e
a profunda crise
pela
qual passou a Rússia ao longo daquela década, o programa ficou paralisado
e tornouse obsoleto.
No início dos
anos 2000, a
Agência Espacial Russa
retomou os investimentos
no
programa:
novos
satélites
foram
desenvolvidos e lançados ao espaço e em 2011 o sistema tornouse plenamente
operacional e passou
a cobrir todo o planeta. Em 2012, contava com 31 satélites em
órbita da Terra a 19 100 quilômetros de altitude.
Os satélites do GPS cumprem órbitas fixas e estão
dispostos de modo que, de qualquer ponto da superfície terrestre ou próximo a ela, é possível receber ondas de rádio de pelo menos quatro deles. Os receptores GPS captam essas ondas e calculam as coordenadas geográficas do
local em graus,
minutos
e segundos. Além
da latitude e longitude, obtémse a altitude do ponto de leitura, o que facilita a confecção e atualização de mapas topográficos,
e a hora
local com exatidão.
O potencial estratégicomilitar dos sistemas de posicionamento e navegação
ficou demonstrado
na Guerra do
Golfo
(1991)
e na invasão do Iraque (2003).
Nessas ocasiões,
os alvos a
serem
atingidos
pelas
forças armadas norteamericanas, fixos ou móveis, puderam
ser localizados
com
grande
precisão.
Da
mesma
forma, os mísseis teleguiados, lançados de aviões ou embarcações
de
guerra,
eram “orientados”
pelo
GPS.
Além da
utilização
militar, o GPS
e o Glonass
são empregados também
para
orientar a navegação
aérea
e a marítima e apresentam vários outros usos civis.
A agricultura de precisão tem utilizado uma combinação de GPS com SIG. Por exemplo, com mapas digitais que contêm informações sobre a fertilidade do solo e utilizando o GPS, um agricultor pode distribuir
a quantidade
ideal de adubo
em
cada pedaço da área cultivada, o que proporciona eficácia e economia. Há
tratores
que já vêm
equipados
da fábrica com
computador de bordo
com
SIG
instalado conectado ao GPS. Entretanto, o alto custo dessa
tecnologia ainda limita
sua maior disseminação
na
agricultura, principalmente nos países pobres.
O GPS também está disponível em alguns modelos de automóveis mais caros fabricados no Brasil e no exterior. Os veículos saem da fábrica equipados com computador de bordo conectado ao GPS
e com mapas
rodoviários e guias
de
cidades
armazenados em sua
memória, o que
permite
ao
motorista uma orientação
contínua por meio
dos satélites do
sistema. As locadoras
de automóveis, os taxistas
e muitas pessoas
dispõem de veículos equipados com GPS,
o que facilita
a circulação,
especialmente na
intrincada
rede de ruas
e avenidas das grandes cidades.
Nos últimos anos, órgãos governamentais brasileiros
vêm utilizando
imagens
de
satélites
e o GPS
para
Outras aplicações práticas do sistema GPS são
planejamento
de
rotas
e o rastreamento
de
veículos,
principalmente
carretas que transportam
cargas valiosas. Em
caso de roubo,
é possível localizá-las com precisão, o
que
possibilita
uma
ação
mais rápida e eficaz da polícia
![]() |
Veículo identificado com rastreamento por satélite. |
identificar
com
precisão
os limites de
fazendas improdutivas a serem desapropriadas para a reforma agrária, para
controlar queimadas em
florestas
e para demarcar
limites
fronteiriços, entre outras
finalidades.
SENE, Eustáquio
de; MOREIRA, João Carlos. Geografia geral e do Brasil : espaço geográfico
e globalização 2ª. ed. reform.
– São Paulo:
Scipione, 2013.
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