O CAPITALISMO FINANCEIRO
Uma das características mais importantes do
crescimento acelerado da economia capitalista na segunda metade do século XIX
foi a formação de grandes empresas industriais e comerciais, além do acelerado
aumento do número de bancos e outras empresas financeiras. A concorrência
acirrada favoreceu as grandes empresas, levando a fusões e incorporações que
resultaram na formação de monopólios ou oligopólios em muitos setores da
economia. É bom lembrar que, por ser intrínseco à economia capitalista, esse
processo continua acontecendo, e grandes corporações da atualidade foram
fundadas nessa época, como podemos observar no quadro ao lado.
Nesse período houve a introdução de novas
tecnologias e novas fontes de energia no processo produtivo e a criação dos
primeiros laboratórios de pesquisa das atuais grandes corporações industriais.
Tendo como pioneiros os Estados Unidos e a Alemanha, a ciência passou a ser
cada vez mais apropriada pelo capital, ou seja, posta a serviço das empresas
para o desenvolvimento de novos produtos e a melhora de produtos já existentes.
A siderurgia avançou significativamente, assim como a indústria mecânica,
graças ao aperfeiçoamento da fabricação do aço. Na indústria química, com a
descoberta de novos elementos e materiais, ampliaram ‑se as possibilidades para
novos setores, como o petroquímico.
A descoberta da eletricidade beneficiou as
indústrias e a sociedade como um todo, pois proporcionou o aumento da
produtividade e a melhora nas condições de vida. O desenvolvimento do motor a
combustão interna e a consequente utilização de combustíveis derivados de
petróleo abriram novos horizontes para as indústrias automobilísticas e
aeronáuticas, possibilitando sua expansão e a dinamização dos transportes.
Com o crescente aumento da produção e a
industrialização expandindo‑se para outros países, acirrou‑se a concorrência
entre as empresas. Era cada vez maior a necessidade de garantir novos mercados
consumidores e melhores oportunidades de investimentos lucrativos, além de
acesso a novas fontes de energia e de matérias ‑primas.
Foi nesse contexto do capitalismo que ocorreu a expansão imperialista europeia na África e na Ásia. As potências imperialistas buscavam ampliar seus territórios, e os empresários, seus lucros. O capitalismo, desde sua origem na Europa, foi ampliando sua área de atuação no planeta. No Congresso de Berlim (1884 ‑1885), as potências industriais da Europa partilharam o continente africano entre elas, como mostra o mapa ao lado. Na Ásia, extensas áreas também foram partilhadas, como a Índia (que passou a ser o território colonial britânico mais importante) industriais consolidou a divisão internacional do trabalho, pela qual as colônias, sobretudo as africanas, especializaram‑se em fornecer matérias‑primas, especialmente minérios como ferro, chumbo e cobre, além de produtos de origem agrícola, como algodão, aos países que então se industrializavam. Essa divisão, inicialmente delineada no capitalismo comercial, consolidou ‑se na etapa do capitalismo industrial. Assim, estruturou ‑se nas colônias uma economia complementar e subordinada à das potências imperialistas. Como mostra o mapa abaixo:
No fim do século XIX também emergiram potências industriais fora da Europa, com destaque para o Japão, na Ásia, e principalmente os Estados Unidos, na América.
A expansão imperialista japonesa, como a europeia, foi marcada pela ocupação e anexação de territórios.
Iniciou‑se com a tomada de Formosa (China), após a vitória na Guerra Sino‑Japonesa (1894‑1895), seguida pela ocupação da península da Coreia (anexada em 1910) e da Manchúria (China), em 1931, entre outros territórios
O imperialismo norte‑americano sobre a América Latina foi um pouco diferente do europeu sobre a África e a Ásia e do japonês, também sobre a Ásia. Enquanto nas colônias africanas e asiáticas as potências imperialistas mantinham controle político e militar direto, os norte‑americanos exerciam controle indireto, patrocinando golpes de Estado, principalmente na América Central e no Caribe, e apoiando a ascensão de ditadores nacionais, alinhados com os interesses dos Estados Unidos. As intervenções militares eram localizadas e temporárias, como o controle exercido sobre Cuba (1899‑1902), ao final da vitória na Guerra Hispano‑Americana, à qual se seguiram intervenções em diversos países da região.
Nessa etapa do capitalismo, os bancos assumiram um papel mais importante como financiadores da produção. Incorporaram indústrias, que, por sua vez, incorporaram ou criaram bancos para lhes dar suporte financeiro. Por esse motivo tornou ‑se cada vez mais difícil distinguir o capital industrial (também o agrícola, comercial e de serviços) do capital bancário. Uma melhor denominação passou a ser, então, capital financeiro.
Ao mesmo tempo foi se consolidando, particularmente nos Estados Unidos, um vigoroso mercado de capitais. As empresas deixaram de ser familiares e se transformaram em sociedades anônimas de capital aberto, isto é, empresas que negociam suas ações em Bolsas de Valores. Isso permitiu a formação das grandes corporações da atualidade, cujas ações estão, em parte, distribuídas entre milhares de acionistas. Em geral, essas grandes empresas têm um acionista majoritário, que pode ser uma pessoa, uma família, uma fundação, um banco ou uma Holding, ao passo que os pequenos investidores são proprietários do restante, muitas vezes milhões de ações.
O mercado passou a ser dominado por grandes corporações. Portanto, o liberalismo permanecia muito mais como ideologia capitalista, porque, na prática, a livre concorrência, característica da etapa industrial do capitalismo, era bastante limitada. O Estado, por sua vez, passou a intervir na economia como agente produtor ou empresário, mas, sobretudo, como planejador e coordenador. Essa atuação intensificou ‑se após a crise econômica de 1929, que, provocou acentuada queda da produção industrial e do comércio e aumento do desemprego em todo o planeta.
Em 1933, Franklin Roosevelt, então presidente dos Estados Unidos, pôs em prática um plano de combate à crise que se estendeu até 1939. Chamado New Deal (‘novo plano’ ou ‘novo acordo’), foi um clássico exemplo de intervenção do Estado na economia. Baseado em um audacioso plano de construção de obras públicas e de estímulos à produção, visando reduzir o desemprego, o New Deal foi fundamental para a recuperação da economia norte‑americana e, posteriormente, do restante do mundo. Essa política de intervenção estatal numa economia fortemente oligopolizada ficou conhecida como keynesianismo, por ter sido o economista John Keynes seu principal teórico e defensor. Representou claramente uma contraposição ao liberalismo clássico, que até então permanecia como ideologia capitalista dominante. Keynes sistematizou essa política econômica em sua obra principal, A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. O livro, escrito durante a depressão que sucedeu a crise de 1929, foi publicado em 1936, mas alguns pontos do New Deal já tinham sido influenciados por suas ideias.
Superada a crise, com a retomada do crescimento da economia, principalmente após a Segunda Guerra Mundial (1939‑1945), começam a se consolidar os grandes conglomerados capitalistas.
Ao se transformar em conglomerados, as grandes corporações diversificaram os setores e os mercados de atuação. Expandindo‑se pelo mundo, principalmente após a Segunda Guerra, transformaram‑se em empresas transnacionais. Surgidas da tendência expansionista do capitalismo, essas empresas se caracterizam por desenvolver uma estratégia de atuação internacional a partir de uma base nacional, onde está sua sede e o controle das filiais espalhadas por outros países.
Foi nesse contexto do capitalismo que ocorreu a expansão imperialista europeia na África e na Ásia. As potências imperialistas buscavam ampliar seus territórios, e os empresários, seus lucros. O capitalismo, desde sua origem na Europa, foi ampliando sua área de atuação no planeta. No Congresso de Berlim (1884 ‑1885), as potências industriais da Europa partilharam o continente africano entre elas, como mostra o mapa ao lado. Na Ásia, extensas áreas também foram partilhadas, como a Índia (que passou a ser o território colonial britânico mais importante) industriais consolidou a divisão internacional do trabalho, pela qual as colônias, sobretudo as africanas, especializaram‑se em fornecer matérias‑primas, especialmente minérios como ferro, chumbo e cobre, além de produtos de origem agrícola, como algodão, aos países que então se industrializavam. Essa divisão, inicialmente delineada no capitalismo comercial, consolidou ‑se na etapa do capitalismo industrial. Assim, estruturou ‑se nas colônias uma economia complementar e subordinada à das potências imperialistas. Como mostra o mapa abaixo:
No fim do século XIX também emergiram potências industriais fora da Europa, com destaque para o Japão, na Ásia, e principalmente os Estados Unidos, na América.
A expansão imperialista japonesa, como a europeia, foi marcada pela ocupação e anexação de territórios.
Iniciou‑se com a tomada de Formosa (China), após a vitória na Guerra Sino‑Japonesa (1894‑1895), seguida pela ocupação da península da Coreia (anexada em 1910) e da Manchúria (China), em 1931, entre outros territórios
O imperialismo norte‑americano sobre a América Latina foi um pouco diferente do europeu sobre a África e a Ásia e do japonês, também sobre a Ásia. Enquanto nas colônias africanas e asiáticas as potências imperialistas mantinham controle político e militar direto, os norte‑americanos exerciam controle indireto, patrocinando golpes de Estado, principalmente na América Central e no Caribe, e apoiando a ascensão de ditadores nacionais, alinhados com os interesses dos Estados Unidos. As intervenções militares eram localizadas e temporárias, como o controle exercido sobre Cuba (1899‑1902), ao final da vitória na Guerra Hispano‑Americana, à qual se seguiram intervenções em diversos países da região.
Nessa etapa do capitalismo, os bancos assumiram um papel mais importante como financiadores da produção. Incorporaram indústrias, que, por sua vez, incorporaram ou criaram bancos para lhes dar suporte financeiro. Por esse motivo tornou ‑se cada vez mais difícil distinguir o capital industrial (também o agrícola, comercial e de serviços) do capital bancário. Uma melhor denominação passou a ser, então, capital financeiro.
Ao mesmo tempo foi se consolidando, particularmente nos Estados Unidos, um vigoroso mercado de capitais. As empresas deixaram de ser familiares e se transformaram em sociedades anônimas de capital aberto, isto é, empresas que negociam suas ações em Bolsas de Valores. Isso permitiu a formação das grandes corporações da atualidade, cujas ações estão, em parte, distribuídas entre milhares de acionistas. Em geral, essas grandes empresas têm um acionista majoritário, que pode ser uma pessoa, uma família, uma fundação, um banco ou uma Holding, ao passo que os pequenos investidores são proprietários do restante, muitas vezes milhões de ações.
O mercado passou a ser dominado por grandes corporações. Portanto, o liberalismo permanecia muito mais como ideologia capitalista, porque, na prática, a livre concorrência, característica da etapa industrial do capitalismo, era bastante limitada. O Estado, por sua vez, passou a intervir na economia como agente produtor ou empresário, mas, sobretudo, como planejador e coordenador. Essa atuação intensificou ‑se após a crise econômica de 1929, que, provocou acentuada queda da produção industrial e do comércio e aumento do desemprego em todo o planeta.
Em 1933, Franklin Roosevelt, então presidente dos Estados Unidos, pôs em prática um plano de combate à crise que se estendeu até 1939. Chamado New Deal (‘novo plano’ ou ‘novo acordo’), foi um clássico exemplo de intervenção do Estado na economia. Baseado em um audacioso plano de construção de obras públicas e de estímulos à produção, visando reduzir o desemprego, o New Deal foi fundamental para a recuperação da economia norte‑americana e, posteriormente, do restante do mundo. Essa política de intervenção estatal numa economia fortemente oligopolizada ficou conhecida como keynesianismo, por ter sido o economista John Keynes seu principal teórico e defensor. Representou claramente uma contraposição ao liberalismo clássico, que até então permanecia como ideologia capitalista dominante. Keynes sistematizou essa política econômica em sua obra principal, A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. O livro, escrito durante a depressão que sucedeu a crise de 1929, foi publicado em 1936, mas alguns pontos do New Deal já tinham sido influenciados por suas ideias.
Superada a crise, com a retomada do crescimento da economia, principalmente após a Segunda Guerra Mundial (1939‑1945), começam a se consolidar os grandes conglomerados capitalistas.
Ao se transformar em conglomerados, as grandes corporações diversificaram os setores e os mercados de atuação. Expandindo‑se pelo mundo, principalmente após a Segunda Guerra, transformaram‑se em empresas transnacionais. Surgidas da tendência expansionista do capitalismo, essas empresas se caracterizam por desenvolver uma estratégia de atuação internacional a partir de uma base nacional, onde está sua sede e o controle das filiais espalhadas por outros países.
O desfecho da Segunda Guerra agravou o processo
de decadência das antigas potências europeias, que já vinha ocorrendo desde o
fim da Primeira Guerra Mundial. Aos poucos, elas foram perdendo seus domínios
coloniais na Ásia e na África (como vemos no mapa acima) e, com a destruição provocada pela Grande Guerra,
houve o deslocamento do centro de poder mundial com a emergência de duas
superpotências: os Estados Unidos e a União Soviética.
Do ponto de vista econômico, o pós‑Segunda Guerra foi marcado por acentuada mundialização da economia capitalista, sob o comando das transnacionais.
Foi a época de gestação das profundas transformações econômicas pelas quais o mundo vem passando, sobretudo a partir do fim dos anos 1970, com a Terceira Revolução Industrial e o processo de globalização da economia.
Do ponto de vista econômico, o pós‑Segunda Guerra foi marcado por acentuada mundialização da economia capitalista, sob o comando das transnacionais.
Foi a época de gestação das profundas transformações econômicas pelas quais o mundo vem passando, sobretudo a partir do fim dos anos 1970, com a Terceira Revolução Industrial e o processo de globalização da economia.
Sene, Eustáquio de. Geografia geral e do
Brasil: espaço geográfico e globalização / Eustáquio de Sene, João Carlos
Moreira. – 2. ed. reform. – São Paulo: Scipione, 2013.