JUSCELINO KUBITSCHEK E O PLANO DE METAS
Durante o governo de Juscelino
Kubitschek (1956--1961), houve um grande crescimento econômico em consequência
da implantação do chamado Plano de Metas. Tratava-se de um amplo programa de
desenvolvimento que previa maciços investimentos estatais em diversos setores
da economia – agricultura, saúde, educação, energia, transportes, mineração e
construção civil –, tornando o Brasil um país atraente aos investimentos
estrangeiros. Embalado por uma ideologia desenvolvimentista, o governo
divulgava o objetivo de fazer o país crescer “50 anos em 5”, e buscava
interiorizar a ocupação do território, integrando espaços com domínios naturais
e ocupados pela agricultura e pecuária aos grandes centros urbano-industriais.
Foi nessa época que a capital federal foi transferida do litoral para o
interior com a construção de Brasília, inaugurada em 1960. Seu projeto
urbanístico e a arquitetura materializaram a busca de modernização do país, que
à época ainda era dominado por estruturas econômicas e políticas herdadas do
período agrário-exportador.
A foto mostra JK na inauguração da fábrica da Volkswagen em são Bernardo do Campo (SP), num Fusca conversível, em 18/11/1959, e vento que marca a ampliação da entrada do capital estrangeiro no país.
Na execução desse plano, 73%
dos investimentos dirigiram-se aos setores de energia e transportes. Isso
permitiu grande aumento da produção de hidreletricidade e de carvão mineral,
forneceu o impulso inicial ao programa nuclear, elevou a capacidade de prospecção
e refino de petróleo, pavimentação e construção de rodovias (14 970 km), além
de melhorias nas instalações e serviços portuários, aeroviários e
reaparelhamento e construção de pequena extensão de ferrovias (827 km).
Paralelamente, em virtude dos
investimentos estatais em obras de infraestrutura e incentivos do governo, houve
expressivo ingresso de capital estrangeiro, responsável por grande crescimento
da produção industrial, principalmente nos setores automobilístico, químico-farmacêutico
e de eletrodomésticos. O parque industrial brasileiro passou, assim, a contar
com significativa produção de bens de consumo duráveis, o que sustentou e deu
continuidade à política de substituição de importações.
Ao longo do governo JK
consolidou-se o tripé da produção industrial nacional, formado pelas indústrias:
- · de
bens de consumo não duráveis, que desde a segunda metade do século XIX já
vinham sendo produzidos, com amplo predomínio do capital privado nacional;
- · de
bens de produção e bens de capital, que contaram com investimento estatal nos
governos de Getúlio Vargas;
- · de
bens de consumo duráveis, com forte participação de capital estrangeiro, como
vimos anteriormente.
A política do Plano de Metas
acentuou a concentração do parque industrial na região Sudeste, agravando os
contrastes regionais. Com isso, as migrações internas intensificaram-se,
provocando o crescimento acelerado e desordenado dos grandes centros urbanos,
principalmente São Paulo e Rio de Janeiro. Os problemas decorrentes da falta de
planejamento urbano permanecem até hoje e também abrangem aglomerações urbanas
que não abrigam grande parque industrial. A concentração do parque industrial
no Sudeste determinou a implementação de uma política federal de planejamento
econômico para o desenvolvimento das demais regiões. Em 1959, foi criada a
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), e, nos anos
seguintes, dezenas de outros órgãos, como a Superintendência do Desenvolvimento
da Amazônia (Sudam), a Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco),
a Superintendência de Desenvolvimento do Sul (Sudesul) e a Companhia do
Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf ), entre outras que foram
extintas ou transformadas em agências de desenvolvimento a partir do início da
década de 1990.
Sene, Eustáquio de. Geografia Geral e do Brasil: Espaço Geográfico e Globalização / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. – 2. ed. reform. – São Paulo: Scipione, 2013.