FUSOS HORÁRIOS BRASILEIROS
O Brasil, por ter uma grande extensão territorial na
direção leste-oeste (34º47’30’’ W a 73º59’32’’ W), de 1913 a 2008 dispunha de
quatro fusos horários, e, apesar da adoção do fuso horário prático, dois
estados brasileiros — Pará e Amazonas — permaneceram “cortados ao meio”.
Em 24 de abril de 2008 foi aprovada uma nova
legislação (Lei 11 662) que eliminou o antigo fuso de –5 horas em relação a Greenwich
e reduziu a quantidade de fusos horários brasileiros para três. O extremo-oeste
do Amazonas e todo o estado do Acre, que antes estavam no fuso –5, foram incorporados
ao fuso –4 horas. O estado do Pará deixou de ter dois fusos horários e seu
território passou a ficar inteiramente no fuso –3 horas em relação a Greenwich.
Observe o mapa.
Compare o mapa de fusos horários com o que mostra os
estados brasileiros em que vigora o horário de verão e perceba que, durante sua
vigência, a hora oficial do país se iguala ao horário do nosso primeiro fuso e que
o horário dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso
do Sul, que estão no terceiro fuso, iguala-se ao horário do Pará e dos estados
da região Nordeste, localizados no segundo fuso.
Esse fato, além de exigir cuidados com o planejamento de viagens e horários diferenciados para o funcionamento dos bancos, faz com que, em muitos estados brasileiros, os programas de televisão transmitidos ao vivo do Sudeste sejam recebidos num horário mais cedo em outras regiões. Por exemplo, um telejornal produzido e exibido em São Paulo ou Rio de Janeiro às 20h locais (Hora Oficial) é visto no Amazonas às 19h. Quando vigora o horário de verão no fuso de Brasília, o programa é visto às 18h, quando a maioria das pessoas ainda está voltando do trabalho.
Horário de Verão
A origem do horário de verão data do início do século
XX. No Brasil, foi adotado pela primeira vez em 1931. Tinha como objetivo
economizar energia, mas não foi adotado permanentemente desde então.
Só a partir de 1985 vem sendo implantado todos os
anos. Com a publicação do Decreto 6 558, de 8 de setembro de 2008, o horário de
verão passou a ter caráter permanente: é adotado em parte do território brasileiro
entre zero hora do terceiro domingo de outubro e zero hora do terceiro domingo
de fevereiro do ano seguinte.
Nesse período, nos estados em que for implantado, os
relógios são adiantados em 1h em relação à Hora Legal Brasileira.
O horário de verão é adotado apenas nos estados brasileiros
mais distantes da linha do equador, onde a diferença de fotoperíodo permite que
essa medida proporcione economia no consumo de energia elétrica
Como mostra o gráfico a seguir, nos meses finais e
iniciais do ano, o dia é mais Duração da luminosidade natural em algumas
capitais brasileiras longo que a noite (sobretudo nos estados mais ao sul do país),
e isso significa que o sol ali nasce antes das 6h e se põe depois das 18h. Nas
proximidades do trópico de Capricórnio, por exemplo, ao adiantarmos os relógios
em uma hora, o sol passa a nascer aproximadamente entre 6h e 6h30min e a se pôr
entre 19h30min e 20h.
Assim, em sua maioria, as pessoas saem do trabalho ou da escola e chegam em casa antes de escurecer, quando ainda não há necessidade de iluminação artificial – pública, comercial ou doméstica. A economia de energia nesse período é significativa por ser este o horário de pico do consumo, pois, ao chegar em casa, as pessoas também ligam chuveiros e aparelhos elétricos.
A economia de energia elétrica total é pequena: no
Sudeste, no Centro-Oeste, no Sul e na Bahia correspondeu em 2011/2012 a 0,5% do
consumo total; no entanto, representa muito no horário de pico, como se
constata pelos números da tabela. Por exemplo, a redução da demanda de energia
no horário de pico no Sudeste/Centro-Oeste equivaleu ao dobro do consumo de
Brasília.
Nas proximidades do equador a medida não é adotada porque a variação de fotoperíodo, quando existe, é muito pequena.
Caso se adotasse o horário de verão nessas regiões, a
energia economizada à noite seria gasta pela manhã quando as pessoas
acordassem.
Após as restrições ao consumo de energia elétrica
impostas no Brasil em 2001, quando os reservatórios das hidrelétricas estiveram
num nível abaixo do normal por causa da falta de chuvas, a população adotou
algumas medidas que contribuíram para reduzir ainda mais o consumo residencial de
energia, como substituição de lâmpadas incandescentes por fluorescentes e de aparelhos antigos por novos
mais econômicos.
O horário de verão é um recurso adotado em muitos
países para evitar sobrecarga no sistema de produção e distribuição nos períodos
de pico do consumo, uma vez que a energia elétrica em seu estado final não pode
ser armazenada, ou seja, ela precisa ser consumida à medida que é gerada.
Fonte: Sene, Eustáquio de Geografia
geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização / Eustáquio de Sene, João
Carlos Moreira. – 2. ed. reform. – São Paulo: Scipione, 2013.