Arqueólogos estudam círculos esculpidos até 5 mil anos atrás em rochas no sudoeste do Paraná Segundo especialistas, gravuras encontradas em Capitão Leônidas Marques não se assemelham a nenhuma outra já registrada na região.
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No total, foram identificadas e registradas cerca de 100 gravuras em duas rochas que fica no topo de um morro no sítio arqueológico — Foto: Raquel Schwengber/Espaço Arquelogia/Divulgação |
Uma série de círculos
esculpidos até 5 mil anos atrás em rochas de uma área de preservação ambiental
em Capitão Leônidas Marques, no sudoeste do Paraná, tem chamado a atenção de
arqueólogos e pode ser o primeiro registro de arte rupestre na região.
As figuras estão sendo
catalogadas por uma equipe de especialistas brasileiros e portugueses ligados à
empresa de licenciamento arqueológico Espaço Arqueologia e ao Instituto Terra e
Memória de Portugal, com autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan).
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As gravuras estavam escondidas sob camadas de terra e de vegetação; parte não deverá ser exposta para garantir a preservação — Foto: Raquel Schwengber/Espaço Arquelogia/Divulgação |
Na primeira quinzena
de janeiro, a área de cerca de 500 metros quadrados ganhou o status de sítio
arqueológico, com placa que indica que o lugar é protegido, e foi batizado de
Vista Alta.
Em uma das rochas que
fica no topo do morro em que foi delimitado o sítio arquelógico, foram
registradas 100 gravuras. E, em outra, mais cerca de 50.
Com a conclusão do
levantamento, na sexta-feira (25), o próximo passo será a análise em
laboratório.
Nesta fase, as
gravuras serão comparadas a outras e interpretadas, o que deve indicar, por
exemplo, os métodos usados, quando e quem as fez e o que significam.
Escavações
Até agora, foram
feitas escavações em 42 dos 56 sítios arqueológicos identificados na região,
incluindo os municípios de Capanema e de Realeza. E, apenas no Vista Alta,
foram encontradas gravuras.
No local, os
pesquisadores recolheram ainda objetos como pedras lascadas, pedras polidas e
utensílios feitos com cerâmica.
Segundo o arqueólogo
Jedson Francisco Cerezer, isto indica que ao menos dois grupos viveram na área,
um deles há mil e o outro há cinco mil anos.
“Temos um contexto que vai de grupos mais
antigos, de caçadores-coletores, a grupos mais recentes, com economia de
produção de manejo de espécies vegetais e de cerâmica. O último deles seria de
índios guaranis e jês e o primeiro da época da pedra lascada”, explicou.
Por isso, as marcas
podem ter sido feitas em um período mais recente por tribos indígenas que
habitavam a região ou ainda na era pré-histórica. Ferramentas desta época
localizadas perto das gravuras, o que é raro, mesmo em outras partes do mundo.
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No trabalho de registro, cada gravura é fotografada e passa por um processo de decalque e de digitalização em 3D — Foto: Raquel Schwengber/Espaço Arquelogia/Divulgação |
No trabalho de
registro, cada gravura é fotografada e passa por um processo de decalque e de
digitalização em 3D. As técnicas permitem inclusive a identificação de desenhos
que não são vistos a olho nu.
Escavações no entorno
das rochas também poderão ajudar a encontrar outros vestígios da cultura dos
responsáveis pelos desenhos.
Fonte: G1.com.br/Parana