Deixado de lado pela maioria dos
brasileiros, petisco faz a alegria dos orientais à mesa
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Produto representa apenas 1% do peso do frango - Foto Gazeta do Povo. |
Um produto que costuma sobrar no
prato dos brasileiros, e que vai para o cachorro ou para o lixo, está entre os
mais valorizados entre todos os cortes de frango na hora da exportação.
Apreciada como petisco pelos
orientais, a cartilagem do peito e da coxa (yagen para os japoneses) alcança
para a indústria o valor de R$ 13 o quilo, uma liderança que só é ameaçada pelo
coraçãozinho do frango, que rende entre R$ 11 e R$ 12 por quilo, mas que não é
exportado porque os brasileiros comem tudo.
Não é fácil produzir a cartilagem
em grandes volumes. A matéria-prima corresponde a apenas 1% do peso de um
frango de 3kg. Da linha de produção da avícola Pioneiro, no município
paranaense de Joaquim Távora, saem por dia 3 mil kg de cartilagem,
cuidadosamente embalados e sem qualquer fragmento de osso, como fazem questão
os exigentes clientes japoneses. Feitas as contas, somente a cartilagem rende
para o abatedouro R$ 39 mil por dia.
Outra clientela que valoriza
muito aquela parte branquinha e crocante do frango é a indústria, de cosméticos
e de medicamentos, para produção de suplementos de colágeno. A proteína da
cartilagem se destaca tanto pelas propriedades estéticas – fortalece unhas e
cabelos, dá mais firmeza e elasticidade à pele – como pelo efeito de proteção
aos músculos e articulações do corpo humano. Isso ajuda a explicar por que o
produto é tão procurado nas farmácias por atletas, mulheres e idosos.
O pé de galinha é outra rica
fonte de colágeno, mas a cartilagem, neste caso, fica entranhada na carne. Para
os chineses, o sabor é o que importa. “Eles pagam bem mais pelo pé de frango do
que pelo peito ou coxa. Os chineses comem os pezinhos de galinha como se fosse
uma barrinha de cereal, assistindo televisão”, assegura Ricardo Santin,
vice-presidente de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
“Isso é o que dá equilíbrio e competividade para o setor de aves no Brasil. O
que não é usado aqui, tem muito valor lá fora. Da galinha só se perde o
cacarejar”, arremata Santin.
As exportações de frango do
Paraná, maior estado produtor, atingiram de janeiro a maio deste ano 637,5 mil
toneladas, rendendo U$ 1 bilhão, segundo o Departamento de Economia Rural da
Secretaria da Agricultura.
Fonte:
Gazeta do Povo 28/07/2017 | 14h59 |
Marcos Tosi