América Latina tem 80% de seus moradores em áreas urbanas
Com quase 80% de
sua população vivendo em cidades, a América Latina é uma das regiões mais
urbanizadas do mundo e vive profundas mudanças, como a redução do crescimento
demográfico e praticamente o fim da migração campo-cidade -responsável pelo
"boom" da urbanização ocorrido até os anos 90.
Tais conclusão
fazem parte do relatório "Estado das Cidades da América Latina e
Caribe-2012", apresentado pelo programa ONU-Habitat nesta terça-feira.
Segundo dados do
estudo, 79,4% da população latino-americana reside em cidades, percentual
inferior apenas aos registrados pelo Norte da Europa (84,4%) e pela América do
Norte (82,1%).
A América Latina
tinha proporcionalmente mais pessoas habitando em áreas urbanas do que regiões
mais desenvolvidas, como o Sul e o Oeste da Europa (67,5% e 77%,
respectivamente).
O relatório
destaca, no entanto, que a urbanização e o crescimento demográfico, que
"explodiram" entre 1950 e 1990 e geraram oito megacidades (mais de 5
milhões de habitantes), perderam força na região nas últimas décadas.
Agora, são as
cidades com menos de 500 mil habitantes que crescem de modo mais acelerado. A
migração do campo para a cidade, que proporcionou o rápido avanço da
urbanização, também arrefeceu e não tem a mesma importância de antes.

AGLOMERAÇÕES
URBANAS
Segundo o
relatório, um outro importante "desafio" é impedir a conurbação
exagerada das cidades --agrupamento de grandes cidades numas mesma mancha
urbana.
"É
preocupante observar que a mancha urbana segue expandindo-se, apesar da
desaceleração demográfica. As cidades crescem cada vez menos compactas e se
expandem fisicamente em um ritmo que supera o incremento de sua população, um
padrão que não é sustentável", afirma o texto do estudo.
O relatório cita
como exemplo de grandes aglomerações que cresceram as no entorno de Caracas
(Venezuela), Fortaleza, Guayaquil (Equador) e Medellín (Colômbia). O fenômeno
ocorre em paralelo ao desenvolvimento mais acelerado de metrópoles entre 1
milhão e 5 milhões de habitantes --são 55 na região. Nesse grupo, o relatório menciona
a rápida expansão de Belém, Manaus e Brasília.
Para controlar o
crescimento horizontal exagerado das cidades, diz a ONU, é preciso "novos
modelos de planejamento, projetos e regulação, fortalecendo mecanismos para
orientar o mercado imobiliário" e promover o desenvolvimento de novos
conceitos de infraestrutura urbana.
Atualmente, 42% da
população da América Latina e Caribe vive na "franja terrestre a uma
distância máxima de 100 quilômetros da costa" --por motivos de ocupação
histórica e estratégica, seja por razões militares ou comerciais no período
colonial.
Essa zona
litorânea, porém, só corresponde a 20% do território da região. O programa da
ONU vê uma "grande oportunidade" de desenvolver o interior, o que já
começa a acontecer, com o crescimento mais acelerado das cidades menores.
Muitas delas, diz o estudo, têm "avançado em desenvolver um tecido
econômico importante graças à exploração de recursos naturais ou por desfrutar
de alguma vantagem competitiva."